As lesões por pressão (LPP), além dos impactos estruturais, financeiros, psicológicos ainda levam ao aumento da demanda por assistência em saúde. Desse modo, prevenir é sempre melhor que remediar.
Conceitualmente, a lesão por pressão é caracterizada por interrupção do fluxo sanguíneo ocasionada por pressão sobre uma área cutânea, geralmente com presença de proeminência óssea subjacente, essa pressão normalmente excede a pressão normal dos capilares sanguíneos que estão entre 32 mmHg nas artérias e 12 mmHg nas veias.
Com a interrupção do fluxo sanguíneo nesses sítios, há a diminuição e/ou interrupção de carreamento do oxigênio, nutrição e remoção de metabólitos, com isso, instala-se os processos de isquemia, hipóxia, acidose tissular, edema e necrose tecidual.
A National Pressure Injury Advisory Panel (NPIAP) padronizou os termos de classificação para mitigar distorções e facilitar os esforços internacionais para identificação e implantação de cuidados ao paciente em risco e/ou já com a lesão instalada.
Classificam-se da seguinte forma:
Categoria/Grau I: Eritema Não branqueável
Categoria/Grau II: Perda parcial da espessura da pele
Categoria/Grau III: Perda total da espessura da pele
Categoria/Grau IV: Perda total da espessura dos tecidos
Não graduáveis/Inclassificáveis: Profundidade indeterminada
Suspeita de lesão nos tecidos profundos: Profundidade indeterminada
E também tivemos o acréscimo de mais uma categoria:
Lesão por pressão relacionada com dispositivo médico
O desenvolvimento de uma LPP é multifatorial, havendo influência de fatores intrínsecos e extrínsecos em sua formação, e não somente aqueles relacionados à desassistência de cuidados como por muito tempo foi associada.
Nos Estados Unidos e países da Europa, a judicialização por contas dessas injúrias cutâneas é muito presente. Os planos de saúde não ressarcem os hospitais e a instituição de cuidados em caso de lesões por pressão quando essas não são detalhadamente justificadas, essa mudança de pagamento fez com que as instituições investissem em treinamentos e maiores medidas de prevenção.
No Brasil, essa ainda não é uma realidade, porém, sabe-se que os custos derivados da assistência que ocasiona o tratamento de uma LPP são altos e impactam nas operadoras de planos de saúde e famílias. É necessário estratégia longitudinal com um plano de cuidados que seja implementado no momento em que o paciente chega na instituição até o momento que ele sai de alta; bem como, que haja orientações para a continuidade do seu cuidado no domicílio.
A aplicação da SAE (Sistematização da Assistência de Enfermagem) é crucial para bons desfechos. É necessária uma estruturação de plano de cuidados individualizada e assertiva.
Medidas gerais que nos auxiliam:
Treinamento da equipe de saúde
Aplicação de escalas de Risco, como, por exemplo, a Braden
Compensação Nutricional
Atenção ao cisalhamento e Fricção
Observar o microclima, controle da umidade
A Hipertermia reduz a tolerância da pele à isquemia
Mudança de decúbito
Hidratação da pele
Cuidado com dispositivos médicos, tais como: drenos, sondas e cateteres.
Utilizar proteção de proeminências ósseas
Utilizar superfícies de apoio adequadas, tais como: colchão de pressão alternada, colchão visco elástico.
Uso de Coxins
Entre outras de forma individualizada.
Na minha experiência clínica, entendo os impactos intra e extra hospitalares e em ambas posso elencar inúmeros problemas que podem derivar de uma LPP, estas podem ir desde aumento da necessidade de horas de enfermagem até sepse de foco cutâneo. Precisamos ter um olhar atento para iniciar as medidas de prevenção o mais breve possível e mantê-la de forma contínua.
As equipes, setores e famílias devem estar comprometidas e com foco na prevenção, dessa forma, conseguiremos promover uma assistência cada vez mais qualificada e resolutiva.
Referências
National Pressure Ulcer Advisory Panel, European Pressure Ulcer Advisory Panel and Pan Pacific Pressure Injury Alliance. Prevention and Treatment of Pressure Ulcers: Quick Reference Guide. Emily Haesler (Ed.). Cambridge Media: Osborne Park, Western Australia; 2014.
BLANES L, FERREIRA LM. Prevenção e tratamento de úlcera por pressão. 1. ed. São Paulo: Atheneu, 2014.
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