O autocuidado é um aspecto essencial na vida da pessoa com estomia de eliminação. A partir do momento que o indivíduo sabe como se cuidar corretamente as chances dele apresentar algum tipo de complicação em sua estomia ou pele periestomia são muito menores. Além disso, o paciente que consegue se cuidar sozinho se sente muito mais empoderado, pois não precisa depender de outras pessoas para realizar essas atividades.
Inicialmente, devemos avaliar a capacidade funcional do indivíduo, pois isso pode ser uma grande barreira para o autocuidado. Pacientes com déficit visual, motor ou cognitivo muito severo e extremos de idade (idosos muito frágeis e crianças muito pequenas) irão necessitar de cuidadores para auxiliá-los. Porém, por mais que o indivíduo possua alguma limitação, não podemos excluí-lo totalmente da possibilidade de aprender a se cuidar: ele deve ser ensinado juntamente com seu cuidador e deve ser incentivado a realizar as atividades que conseguir.
O desenvolvimento do autocuidado requer que o paciente obtenha um saber técnico mínimo: ele precisa conhecer como são as características normais de sua estomia (para diferenciar caso haja alguma complicação), como ela funciona (alguns conceitos simples de anatomia) e quais são os cuidados necessários (como se despreza o efluente, como se realiza a limpeza e troca do equipamento coletor e a higiene da estomia). Também será necessário o desenvolvimento de algumas habilidades motoras, para que o paciente consiga por exemplo manipular o equipamento coletor e realizar o recorte da base adesiva.
Também é necessário que o paciente conheça seus direitos no sistema de saúde para que ele possa acessar aos recursos materiais (como os equipamentos coletores, que são retirados mensalmente nas unidades especializadas do SUS ou convênio) e assistenciais necessários.
Para além desses aspectos técnicos o indivíduo também precisa desenvolver alguns aspectos psicológicos e afetivos para que ele consiga se cuidar, principalmente em relação a aceitação da estomia, tendo em vista o impacto que ela gera em sua autoestima e rotina. Em um primeiro momento, além do apoio dos profissionais de saúde, é muito importante o apoio e auxílio dos familiares e amigos até que o paciente consiga vencer essas barreiras e realizar seu autocuidado.
Para que o indivíduo consiga exercer o autocuidado relacionado a sua estomia ele precisa passar por um processo de ensino-aprendizagem, que está muito centrado na figura do enfermeiro estomaterapeuta. É este profissional (ou um enfermeiro generalista capacitado por ele) que irá realizar as orientações de autocuidado e acompanhar a evolução do paciente após a alta. Em nossa próxima coluna falaremos um pouco mais como deve ser esse processo, ainda antes da alta hospitalar do paciente. Até lá!
Referências:
1. Santos VLC de G, Cesaretti IUR. Assistência em estomaterapia: cuidando de pessoas com estomia. São Paulo: Atheneu; 2015.
2. Cardoso TMS. Desenvolvimento da competência de autocuidado da pessoa com ostomia de eliminação intestinal [Internet]. Escola Superior de Enfermagem do Porto; 2011. https://comum.rcaap.pt/bitstream/10400.26/9258/1/Dissertação Teresa Cardoso.pdf
3. Kimura CA. Qualidade de vida de pacientes oncológicos estomizados. Universidade de Brasília, Faculdade de Ciências da Saúde; 2013. https://repositorio.unb.br/bitstream/10482/14935/1/2013_CristileneAkikoKimura.pdf
4. Seo H-W. Effects of the frequency of ostomy management reinforcement education on self-care knowledge, self-efficacy, and ability of stoma appliance change among Korean hospitalised ostomates. Int Wound J. 2019;16(Suppl 1):21–8. https://doi.org/10.1097/NCC.0000000000000762
Muito bom!!! 💖
Excelente texto!!!!!!!!😍