A pele é expressão de nossa individualidade pessoal, sua representatividade é importante em vários domínios, tais como: o social, o psicológico, a proteção física, ação imunitária, função reguladora e outras mais. Diante da complexidade das dimensões que a pele representa, é necessário que haja por nós, profissionais de saúde, um estudo aprofundado e um entendimento das diversas diferenças que ela possui através da vida. A pele conta uma história e precisamos aprender a lê-la, assim, a partir dessa iniciativa, melhorará nossa compreensão da biografia de vida do nosso paciente.
Nas diferentes fases da vida, a nossa pele sofre alterações físicas, químicas, estruturais e metabólicas, o que torna o cuidado, principalmente nos extremos das idades, um grande desafio. Vamos discorrer abaixo sobre as principais alterações que a pele senil apresenta:
O PH natural da pele varia entre 4,0 – 6,5 , e esse PH ácido proporciona integridade e coesão tissular. Com isso, diminui a permeabilidade da pele e a perda de água. Além disso, essa acidez proporciona proteção contra microrganismos. A pele do Idoso tende a variar para um PH alcalino. Por isso, é muito importante atentarmos para o tipo de PH de sabões utilizados no banho, bem como, o tempo de exposição à água quente.
A espessura total de pele reduz entre 65-70% em relação ao adulto, na derme, temos diminuição da divisão celular; no subcutâneo, há perda de volume. Dessa forma, esses processos tornam a pele do idoso quase “translúcida”. O tempo de turnover celular aumentado (> 50 dias) faz com que lesões ditas de fácil cicatrização na pele de um jovem tornem um desafio na pele senil.
Em relação ao sistema circulatório, temos a redução de 30% nas comunicações transversais de vênulas, redução da circulação sanguínea em cerca de 60%. Após os 80 anos, a espessura da parede vascular diminui em cerca de 50 %. A diminuição da espessura dos vasos no idoso associado ao uso de anticoagulantes podem ocasionar áreas de hematoma e /ou sangramentos em pequenos traumas.
A sensibilidade tátil é alterada, visto que ocorre diminuição do número de corpúsculos de Meissner e de Valter-Pacini. O limiar de dor no idoso altera também, levando há um limiar cerca de 20% maior em relação ao jovem. Isso leva à exposição de traumas e/ou manutenção deles sem que haja uma resposta rápida de proteção.
A função imunológica da pele tem sua ação diminuída com o envelhecimento de forma que há redução em cerca de 20 – 50 % das células de Langerhans. Ocorre maior produção de autoanticorpos e imunocomplexos, aumento das respostas alérgicas de contato, diminuição da resposta inflamatória, aumento da atividade de oncogênese, entre outros.
A produção glandular tem sua ação reduzida e/ou alterada. Há redução em cerca de 70 % da produção de suor e 65% na produção de sebo, uma vez que esses dois produtos fazem parte do manto hidrolipídico da pele, assim, sua diminuição aumenta a perda de água para o ambiente e deixa a pele do idoso com aparência Xerótica, diminui sua resistência e seu turgor. A pele Xerótica aumenta reações pruriginosas no idoso.
A termorregulação no idoso está alterada devido a modificações vasculares e sensórias, as reações de vasodilatação e vasoconstrição estão reduzidas nessa faixa de idade. Importante sempre estarmos atentos aos extremos de temperatura, o idoso não consegue ter uma vasoatividade de grande efetividade.
Acima seguem algumas alterações que impactam na pele, porém, o envelhecimento altera de maneira global as respostas aos tratamentos , o declínio dos sistemas no organismo e múltiplas comorbidades contribuem para que o atendimento do paciente idoso seja um desafio ao profissional de saúde , seja nos atendimentos das lesões de pele ou na clínica médica.
Referências
SMELTZER, S. C; Brunner & Suddarth: tratado de enfermagem médico-cirúrgica. 11.ed. Rio de Janeiro: Guanabara Koogan, 2009.4v.:il. ISBN 978-85-277- 0044-3.
DOMANSKY, R.C; BORGES, E. L. Manual de prevenção de lesões de pele: Recomendações baseadas em evidências. 2.ed. Rio de Janeiro: RUBIO; 2014. ISBN 978-85-64956-99-5.
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