Como comentamos em nossa coluna anterior, no período pré-operatório existe uma etapa essencial para o paciente que irá passar por uma cirurgia de confecção de estomia de eliminação: a demarcação.
A demarcação consiste na avaliação do abdome do paciente que passará pela cirurgia para escolha do melhor local onde deverá ser realizada a estomia pelo cirurgião. Essa avaliação deve ser realizada por um enfermeiro estomaterapeuta, por enfermeiro generalista capacitado pelo estomaterapeuta ou pelo cirurgião.
A demarcação inicia-se pela visualização e palpação do músculo reto-abdominal do paciente e linha da cintura (neste momento, é ideal solicitar que o paciente se sente para a verificação desta linha, além de outras dobras e pregas cutâneas). A partir da linha da cintura, do músculo reto-abdominal e da linha mediana, podemos dividir o abdome em quatro quadrantes para facilitar a demarcação.
É essencial que a estomia seja realizada dentro do músculo reto-abdominal para evitar complicações, como a hérnia paraestomal. Além disso, devemos ter o cuidado de deixar pelo menos cinco centímetros de distância da linha da cintura, para evitar que o estoma seja realizado nesta dobra, dificultando a adesividade do equipamento. Esses mesmos cinco centímetros de distância também devem ser respeitados em relação a outros acidentes anatômicos, como a cicatriz umbilical, rebordo costal, crista ilíaca e púbis, como podemos observar na imagem abaixo.
Fonte da imagem: Valentin MT. Localización de los estomas. ln: Foukes B, Rague JM, Ortiz H. Indicaciones y cuidados de los estomas. 1989. p. 360.
Após a observação de todas essas variáveis, realizamos a marcação de um círculo ou “x” no local onde deverá ser realizada a estomia no abdome do paciente, com caneta cirúrgica ou outro tipo de marcador permanente. É interessante nesse momento utilizar uma base adesiva sobre o local demarcado para verificar se a mesma não irá ficar sobre nenhuma estrutura ou dobra cutânea.
Mesmo com a demarcação sendo realizada corretamente podemos esbarrar em algumas dificuldades: pacientes muito emagrecidos, que apresentam abdome muito estreito, ou com muitos acidentes ósseos; pacientes obesos, com abdome em avental, o que dificulta a visualização do músculo reto-abdominal; pacientes que precisaram retirar uma porção muito extensa da alça intestinal durante a cirurgia e a mesma não “alcança” a área demarcada, e a estomia precisa ser feita em outro sítio pelo cirurgião; entre outros pontos. Entretanto, apesar dessas situações que estão fora de nosso controle, a demarcação é essencial para que a estomia seja confeccionada em um local seguro, a fim de prevenir complicações e facilitar o autocuidado do paciente.
Em nossa próxima coluna, comentaremos sobre esse aspecto tão importante quando falamos de pacientes com estomias de eliminação: o autocuidado. Até lá!
Referências:
1. Santos VLC de G, Cesaretti IUR. Assistência em estomaterapia: cuidando de pessoas com estomia. São Paulo: Atheneu; 2015.
2. Salvadalena G, Hendren S, McKenna L, Muldoon R, Netsch D, Paquette I, et al. WOCN Society and ASCRS Position Statement on Preoperative Stoma Site Marking for Patients Undergoing Colostomy or Ileostomy Surgery. J Wound Ostomy Cont Nurs. 2015;42(3):249–52. https://doi.org/ 10.1097/WON.0000000000000119
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