COMO NASCEU A ESTOMATERAPIA?
- Liga Acadêmica de Estomas e Feridas - UFMA
- 23 de jul. de 2020
- 3 min de leitura
Atualizado: 30 de jul. de 2020

No último dia 26 de junho comemoramos o centenário de Norma Gill e quem foi essa mulher inspiradora e brilhante?
Norma Gill Thompson é considerada a primeira estomaterapeuta e a “mãe da estomaterapia mundial”!
Tão importante quanto à técnica cirúrgica é a reabilitação da pessoa com estomia, sendo essencial um cuidado integral com informações e instruções personalizadas para autocuidado e foi com esse propósito que o Dr. Rupert Beach Turnbull, cirurgião da Cleveland Clinic e considerado o “pai da estomaterapia” convida para auxiliá-lo, sua então paciente Norma Gill, ileostomizada devido a uma retocolite ulcerativa e já adaptada a sua nova condição, além do convívio com sua avó com colostomia.
Em 1958 Norma Gill é contratada como “técnica em ostomia” e assim surgia oficialmente a assistência em estomaterapia. Em 1961 foi criado um programa formal de educação com ênfase nos aspectos práticos era o Primeiro Curso de Estomaterapia no mundo tendo como alunos as pessoas com estomias e algumas enfermeiras.
Com Norma Gill a frente, em 1968 constituiu-se a primeira Associação de Estomaterapeutas, a North American Association of Enterostomal Therapists (NAAET) que mudou de nome ao longo do tempo e por último Ostomy Wound, and Continence Nursing Society (WOCNS) essa organização estabeleceu as diretrizes para a assistência de enfermagem e os primeiros critérios para a implantação de cursos de Estomaterapia.
Pouco a pouco novos cursos, pesquisas e desenvolvimento de novas tecnologias para cuidado das pessoas com estomias foram se desenvolvendo em outros países e novamente sob a liderança de Norma Gill em 1978 é criado o órgão representativo internacional o World Concil of Enterostomal Therapists (WCET) e em 1980 a Estomaterapia se estabelece mundialmente como especialidade exclusiva do enfermeiro.
E no Brasil como a especialidade se se inicia?
No final da década de 70 temos a formação dos primeiros Estomaterapeutas brasileiros que foram estudar fora do Brasil. É importante citar o Grupo de Interesse Clínico em Enfermagem em Enteroestomaterapia (GICEE) e posteriormente Grupo de Enfermagem em Enteroestomaterapia (GGE) criado em 1984, sendo responsável por reuniões científicas com temas relacionados à área onde muitas parcerias foram sendo criadas com hospitais, grupos e equipes multiprofissionais.
A implantação do primeiro curso de Estomaterapia no Brasil na Escola de Enfermagem da Universidade de São Paulo em 1990 foi fundamental para especialidade, sendo coordenado inicialmente por Dr. Afonso Henrique Souza Silva Jr e Enfa. Profa. Dra. Vera Lúcia Conceição de Gouveia Santos, considerada a “mãe da Estomaterapia Brasileira”, após seu retorno da Espanha como estomaterapeuta com a desafiadora missão de implantar a Estomaterapia no Brasil! Este curso foi o único até 1998 e pouco a pouco a especialidade foi se consolidando e expandindo-se pelo nosso país.
Dois anos após o início do primeiro Curso de Especialização em Enfermagem em Estomaterapia e com esforços individuais de muitos, o sonho de formar uma Sociedade se concretizou e em 4 de dezembro de 1992 nasce a SOBEST que posteriormente passou a se chamar Associação Brasileira de Estomaterapia: Estomias, feridas e incontinências. Tem como sua missão o “Desenvolvimento técnico e científico de seus associados, da comunidade de enfermagem e de profissionais da saúde voltados para a assistência às pessoas com estomias, fístulas, tubos, drenos, feridas agudas e crônicas e incontinência anal e urinária, nos seus aspectos preventivos, terapêuticos e de reabilitação, visando a melhoria da qualidade de vida”.
Desde o início a SOBEST teve representação junto ao WCET e a partir de 2011, o Conselho reconhece automaticamente todos os cursos de pós-graduação acreditados por ela.
Hoje temos 23 cursos acreditados e três em fase de acreditação pela SOBEST/ WCET e qual a importância disso? Um curso acreditado segue parâmetros internacionais na qualidade de formação.
Tenho muito que contar nessas poucas linhas, mas ao longo da coluna conversaremos mais sobre assuntos pertinentes a minha especialidade. Seguiremos fazendo uma enfermagem que tanto nos orgulha e faz a diferença na vida das pessoas que cuidamos e batalhando para que todo paciente que precisa de um atendimento especializado tenha acesso a esse profissional. Que sejamos agentes de transformações!
Um forte abraço e cuidem-se!
Referências
Gill-Thompson N. Enterostomal therapy: FROM THE BIBLE UNTIL TODAY. World Coun Enterostom Ther J, 10:30-4, 1990.
Thuler SR, Paula MAB, Silveira NI. Sobest: 20 anos. Campinas:Arte Escrita, 2012.
Santos VLCG, Cesaretti IUR. Evolução da enfermagem em estomaterapia no decorrer de sua história. In: Santos VLCG, Cesaretti IUR. Assistência em estomaterapia: Cuidando de pessoas com estomia. São Paulo: Atheneu, 2015.
Santos VLCG. A Estomaterapia através dos tempos. In: Santos VLCG, Cesaretti IUR. Assistência em estomaterapia: Cuidando do ostomizado. São Paulo: Atheneu, 2005.
SOBEST- Associação Brasileira de Estomaterapia. [acesso em 30 jun 2020]
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