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Foto do escritorLiga Acadêmica de Estomas e Feridas - UFMA

Demarcação Cirúrgica da Estomia: o que é e para que serve?

Atualizado: 7 de abr. de 2021



Os pacientes que necessitam ser submetidos a cirurgia para confecção de uma estomia costumam vivenciar situações de impacto emocional, tais como insegurança, medo do desconhecido, sensação de repulsa a si próprios, ansiedade, estresse e a sensação de constrangimento. Independente de ser definitivo ou temporário, uma estomia gera inúmeras mudanças na vida do indivíduo e requer um cuidado especializado.


A declaração internacional dos direitos dos estomizados foi emitida pela Associação Internacional dos Ostomizados (International Ostomy Association) em 1993 e visa garantir a qualidade de vida dos pacientes portadores de uma estomia. Dentre os diversos assuntos abordados ela garante que o paciente tenha a estomia bem feita e bem localizada, com consideração integral e adequada ao conforto do mesmo. A adequada escolha do local diz respeito a demarcação cirúrgica da estomia.

Por definição, demarcação é a definição ou delimitação dos limites da estomia, realizado por meio de marcas. Ao demarcar a estomia na parede abdominal do paciente é realizada uma escolha pelo local mais adequado para que o cirurgião faça a exteriorização do conteúdo abdominal, de modo que este permita a adaptação dos dispositivos para coleta com o mínimo de desconforto para o paciente.


A demarcação irá prevenir futuras complicações, portanto o planejamento pré-operatório é imprescindível. Esta deve ser realizada pelo Enfermeiro Estomaterapeuta, até 24 horas antes da cirurgia, avaliando as necessidades e particularidades de cada paciente, visando evitar uma ampla gama de problemas como as dermatites periestomais, isquemia e necrose da estomia, retração e prolapso, herniações, dificuldade na adesão e fixação de dispositivos de coleta assim como problemas com a adaptação a esses materiais. As complicações relacionadas ao psicossocial do paciente se devem principalmente a alteração da imagem corporal, o que leva a impactos na vida do paciente, nos mais diversos aspectos da sua vida.


Geralmente são observados seis fatores principais para escolha do local adequado: a região do abdome e o tipo de cirurgia proposta, a localização do músculo reto abdominal, a superfície de aderência do abdome, a visibilidade do local, a distância adequada de áreas críticas e a presença de próteses ou órteses. A demarcação da estomia intestinal deve ser feita no músculo reto abdominal, evitando desta forma complicações relacionadas a fixação da estomia, como o prolapso ou desenvolvimento de uma hérnia periestomal. A correta demarcação do local da estomia é um dos fatores mais importante na segurança do paciente, sendo que este assegura o correto uso do dispositivo com segurança, assim como a adaptação ao mesmo e retorno precoce a vida normal.


O músculo reto abdominal é o ponto principal a ser explorado, podendo ser identificado pela inspeção e palpação, geralmente realizada com o paciente deitado. É importante que sejam delimitados as bordas externas do músculo, evitando que o estoma seja construído fora desses limites. Para a visualização das áreas do abdome podem ser utilizados os anéis adesivos das bolsas coletoras, de modo a demonstrar como será a posição do equipamento coletor. No paciente adulto geralmente realiza-se a demarcação com uma distância de 4 a 5 cm em relação aos pontos críticos, tais como proeminências ósseas, rebordo costal, depressão umbilical, zona média do púbis, regiões da pele afetadas por processos crônicos, incisões cirúrgicas ou cicatrizes, dobras abdominais ou a própria linha da cintura. A estomia deve estar visível ao paciente, de modo que este possa visualizá-la e manejá-la sem auxílio, tornando-se assim independente para o autocuidado. Desta forma, atenção especial deve ser dada aos pacientes obesos ou as mulheres com grandes mamas. Geralmente o local é marcado com uma caneta especial ou um marcador, sendo esta uma técnica indolor, não invasiva e econômica. Tal demarcação é semi-permanente, resistente ao preparo da pele no período pré-operatório, sendo que ainda é possível a aplicação de uma película protetora no local para preservar a marcação.


É de suma importância simular a posição da estomia com o paciente em diversas posições tais como deitado, sentado, em pé e realizando suas atividades comuns. Por isso cabe ao enfermeiro avaliar a condição física do paciente, sua postura, profissão, antecedentes culturais e práticas de lazer, de modo a prever possíveis complicações. Uma estomia bem localizada facilitará as atividades de autocuidado do paciente referentes a colocação e remoção da bolsa coletora, a higiene da estomia e da pele periestoma, assim como a manutenção do sistema coletor, prevenindo complicações e facilitando a adaptação deste paciente.


A demarcação cirúrgica adequada é um direito do paciente, o qual não pode ser negado tampouco negligenciado. O Enfermeiro Estomaterapeuta tem um papel fundamental, dentro da equipe multidisciplinar, visando promover a segurança do paciente, sua melhor adaptação à sua nova realidade e uma melhor qualidade de vida da pessoa com estomia.


MEIRELLES, Creusa Aparecida; FERRAZ, Clarice Aparecida. Estudo teórico da demarcação do estoma intestinal. Rev. bras. enferm., Brasília , v. 54, n. 3, p. 500-510, Sept. 2001 . Available from <http://www.scielo.br/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S0034-71672001000300013&lng=en&nrm=iso>


MEIRELLES, Creusa Aparecida; FERRAZ, Clarice Aparecida. AVALIAÇÃO DA QUALIDADE DO PROCESSO DE DEMARCAÇÃO DO ESTOMA INTESTINAL E DAS INTERCORRÊNCIAS TARDIAS EM PACIENTES OSTOMIZADOS. Rev. Latino-Am. Enfermagem, Ribeirão Preto , v. 9, n. 5, p. 32-38, Sept. 2001 . Available from <http://www.scielo.br/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S0104-11692001000500006&lng=en&nrm=iso>


SANTOS, Vera Lúcia Conceição de Gouveia; CESARETTI, Isabel Umbelina Ribeiro. Assistência em estomaterapia: cuidando de pessoas com estomia. [S.l: s.n.], 2015.


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